Altas horas da madruga e nada de Hunter conseguir pregar os olhinhos no travesseiro. Não que tivesse preocupado com algo, passara horas a fio pensando a respeito das incertezas que o futuro poderia lhe pregar. Quando se cansou, e finalmente, percebeu que seria bem capaz de não conseguir adormecer, levantou-se de um salto da cama e vestiu os primeiros trapos que avistou e deixou o velho hotel em que estava hospedado.

Aparatou no centro de Hogsmeade, arrastando as botas já bem gastas pelo tempo, estilo militar. Nem uma santa alma perpassava pela pacata vila, nada que fosse o suficiente para assustá-lo, apenas de se redobrar ainda mais a atenção. Os pés o guiaram rumo aos bares da região, como era difícil se manter à distância destes. O Cabeça de Javali estava aberto, mas a movimentação, só de se olhar à entrada dava para perceber que não era das melhores. Estranho. Parecia até que tinha uma pessoa apontando em sua direção, Hunter apressou ainda mais o passo pelo vilarejo, correu ao Três Vassouras, cuja porta estava prestes a ser fechada. — Heeey, esperem por mim! — gritou, aproximando-se de uma atendente que acabava de selar as portas magicamente. O rapaz franziu o cenho e enfiou as mãos no bolso da calça, atordoado. Por pouco, não conseguiria desfrutar de uma bebida, ainda havia os poucos beberrões dentro que, provavelmente, seriam postos para fora em seguida.

Hunter bateu nos vidros, não custava nada que deixassem-no adentrar, beber uma e vazar. O velho dono fez um gesto curto com as mãos, mandando-o embora, e em seguida, apontou à plaquinha de "fechado" sobre a maçaneta da porta. O bruxo ficou inconformado, apoiou as palmas da mãos abertas sobre o vidro, abaixando a cabeça. Ao olhar para cima, novamente ao interior do bar, visualizou a figura da atendente completamente vidrada em sua direção. Esboçou um meio sorriso e gesticulou o número um, com uma carinha de cão sem dono, era tudo que ele queria, tudo que precisava naquela noite de insônia. Hunter ergueu uma das sobrancelhas à mulher que parecia conversar com o velho patrão, semicerrando os olhos suplicantes após.

Ela veio em direção de Hunter depressa, que tratou de seguir até a porta. — Muito obrigado, senhorita! — falou, com um belo sorriso. Era por essas e muitas outras que adorava possuir o dom da sedução que tinha. Conseguia se utilizar do mesmo de diversas formas, não só voltado à sedução e sim também a persuasão. — Eu vou querer um whisky de fogo, por favor. — pediu, fitando dois bruxos muito gordos que quase tombavam no balcão, mas que estavam sendo bem amparados pelo dono. A mulher tratou de atendê-lo, trazendo a bebida em um copo de plástico. Não precisou nem falar duas vezes que precisaria se retirar devido ao término do expediente, o recipiente de plástico indicava bem a mensagem. Hunter deu um belo gole no whisky de fogo, retirando alguns sicles apressadamente, do bolso da calça jeans rasgadas no joelho. — Obrigado! — concluiu, ao ser direcionado de volta à entrada do bar, desaparatando em seguida. Saiu de lá.